Paz sem voz, não é paz, é medo
- evandro melo
- 10 de mar. de 2024
- 2 min de leitura

Você, na certa, já ouviu essa música do Rappa. Eu gosto muito dela e tem me ressoado bastante nesses dias.
Tenho recebido, em terapia e em outras conversas, pessoas que iniciam dizendo que tudo anda bem e ao dar mais detalhes, mostra o quanto se anulam para que o ambiente fique bem.
Se calam, engolem o que tem para dizer, preferem não exporem seus desejos, gostos, anseios, tudo em prol do ambiente.
E o que a psicologia Analítica nos diz sobre isso?
Bom, muita coisa, há diversas formas de explorar essa situação, e vou seguir apenas duas.
Primeiro pelo conceito de Persona. Jung criou esse termo para definir o ajuste que fazemos em nosso ego para nos adaptarmos ao meio. Muitas vezes necessária, essa máscara social, muitas vezes danosa à integração consigo mesmo, quando não temos consciência disso.
O medo é uma forma de máscara, uma Persona, que nos adequa ao meio. Quando agimos pelo medo, escolhemos o que parece certo, ainda que doa, ao que nos é desconhecido, ainda que seja um ambiente muito melhor.
Outro conceito importante de Jung, é quanto a busca por compensação do nosso inconsciente. Nosso inconsciente, autônomo como é, não aceita imposição feita pelo ego, como por exemplo de se calar pela busca da paz. Aqui valem muitas aspas na palavra paz.
Enquanto calamos o ego, o inconsciente vai fazer barulho buscando se expressar. Essa expressão pode chegar como sintoma (ansiedade, depressão, compulsão), chega também pelos sonhos, se mostram em atos falhos, e naquelas escolhas que fazemos “sem querer”, sabe?!
A busca pelo equilíbrio, pela harmonia, não passa pelo silêncio forçado, ao contrário, passa pela exposição dos pensamentos reprimidos e a integração do ego com o si-mesmo.
Jung certa vez disse “Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e você vai chamá-lo de destino.”
A terapia é uma ferramenta para ajudar nesse auto-conhecimento.
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EvMelo




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