Olhar o infinito
- evandro melo
- 3 de jan. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 1 de mar. de 2024

Quando criança fiquei encantado quando, na aula de Ciências, ouvi o professor dizer que olhar para o céu é olhar para o passado. O Sol, por exemplo, está a cerca de 8 minutos luz da Terra, o que quer dizer que o que vemos ao olhar para o Sol é um sol que já foi.
Quando falamos de outras estrelas ainda mais distantes, olhamos não para minutos atrás, mas para séculos, milênios, centenas de milênios no passado. O brilho de uma estrela que vemos hoje, pode ter deixado de existir há séculos, mas tamanha é a distância dela da Terra, que levará mais algumas centenas de anos até que se apague para nós também.
Olhar para o céu, então, é mais do que olhar o passado, é encarar o infinito.
O verbo no infinitivo, “olhar", nos traz para o presente. Ao olhar o céu e as estrelas. Mais presente que isso é o verbo no gerúndio. Nós, enquanto estamos "olhando" para cima, estamos encarando o passado no presente.
Sabendo dos movimentos da Terra, sabemos onde estará o Sol, por exemplo, daqui a 8 minutos. Com ajuda de astrônomos e cientistas, sabemos quando algumas estrelas se apagaram, sua distância de nós, e quando deixaremos de ver seus brilhos. Olhamos, portanto, para o futuro também.
É o infinito, em sua subjetividade mais objetiva que talvez o ser humano consiga conceber, e ver.
Esse ano ganhei um presente, um dos grandes. Minha filha, Renata, nos chegou. Brilho de estrela em um pequeno corpinho de bebê.
Já nos primeiros dias, eu me deparei com a beleza e a angústia de ser pai da pequena Rê.
Ao pegá-la no colo, eu, ao mesmo tempo me deliciava com aquela estrelinha que acabava de nascer pra mim e não conseguia deixar que meus pensamentos vagassem lamentando que ela iria crescer rápido. Aquele momento presente, me projetava o futuro e me transportava ao passado.
Aqui, vale o parêntese, Cronos e Kairós se fazem notar. Os dias, por vezes, parecem durar 1 semana, já 1 mês passa em um piscar de olhos.
Lá estou eu, retirando aquele bebê do berço, que já não é mais aquele bebê de antes, já mudou, já cresceu, já me entende e me deixa entendê-la de outras formas.
Cá estou eu, segurando um bebê no presente, sem deixar de lembrar como era ontem e sem que consiga deixar de imaginar como será no amanhã.
O infinito, em toda sua beleza, aqui, no meu colo. Deve ser por isso que o agora tem esse nome, presente.
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EvMelo




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